Portugal

Minha primeira experiência com Portugal não foi muito boa. Fui com toda a família no pior período possível. Não era apenas verão, era um dos verões mais quentes da história da Europa, com incêndios praticamente espontâneos por causa do calor. O país sofria com queimadas, ardia em chamas. Ou seja, fomos porque já tínhamos tudo comprado e pago.

Lembro que quando paramos o carro alugado e com ar condicionado e abrimos as portas para descer em Lisboa, levamos um soco na cara dos 45 graus do lado de fora, um bafo de calor que quase nos pôs a nocaute. Dali para a frente nada mais deu certo. O hotel, que nem era grande coisa, tinha piscina sim, mas, juro, sem piada, estava fechada para o verão, provavelmente para algum tipo de reforma.

Não tínhamos ânimo de comer, passear, nada. Fomos para Sintra, para o castelo dos Mouros, mas o calor era demais. Nos nossos coraçõezinhos assados só pensávamos em ir embora.

Acontece que Portugal me chamou tempos depois, num mês de dezembro. Fui convidada para dar uma palestra numa conferência de um braço da ONU, sobre turismo, em Estoril, no lendário hotel cinco estrelas Hotel Palácio Estoril, locação de filmes de James Bond. Fui. E o que aconteceu foi uma paixão instantânea.

Não apenas o hotel era absurdamente perfeito, em frente aos Jardins do Cassino de Estoril, como toda a região era de uma beleza avassaladora. A poucos metros do hotel, atravessando a avenida por um túnel subterrâneo para pedestres, chega-se ao mar, onde há uma orla urbanizada com estações para exercícios, restaurantes, ligando Estoril a Cascais, uma pista perfeita para caminhar, correr, passear, ver gente e contemplar o mar.

Além da hospedagem perfeita, do melhor pastel de nata na Pastelaria Garrett, das corridas na orla ladeadas pelo azul do mar, ainda experimentei a hospitalidade portuguesa em todo seu esplendor. Uma jornalista blogueira de gastronomia, que conheci no Twitter, me recebeu, ciceroneou pelos arredores e me conquistou de forma definitiva.

Pouco tempo depois, catei o marido, aluguei um apartamento ao lado do hotel Palácio Estoril e fui para o mesmo lugar onde fiquei. De lá fomos de carro para Cascais, Sintra. Não deixe de visitar esta linda serra e passear pelo centro e, depois, andar pelo imenso Castelo dos Mouros e suas ruínas e mirantes. Vale também ir até o Palácio do Pena.

No caminho de volta, de Sintra para Cascais, há o Cabo da Roca, ponto mais ocidental de Portugal, um extremo onde venta muito e com uma das vistas mais chocantemente lindas que já vi. Dá vontade de sentar e ficar olhando o mar daquele ponto tão alto.

Voltamos para Estoril e partimos para Coimbra, Porto e para o Douro. Meu Deus o Douro!!! O que é aquilo? Que coisa mais linda! Ficamos os dois totalmente arrebatados por Portugal. Começamos a fazer planos para morar lá e resolvemos levar toda a família para entender nossa nova paixão.

Convocamos a família para uma nova viagem. Juntamos todo mundo, aluguei um andar de um casarão do século XIX, praticamente um palacete e levei todo mundo pra Estoril. Usei o serviço da HomeAway e gostei muito. Aluguei também uma casinha à beira mar no Algarve para a segunda parte da viagem. Foram dias inesquecíveis, talvez a melhor viagem em família da nossa história.

Agora estamos vendo toda a burocracia para comprar ou alugar um imóvel, conseguir passaporte, validar diplomas, ver como se pode trabalhar em Portugal, presencial ou remotamente. Vamos ver o que o destino nos reserva. Um fato é certo: Portugal, amamos você!